Nas últimas horas as discussões esportivas no Brasil foram monopolizadas por um tema específico: os gramados sintéticos. Um grupo de jogadores relevantes fizeram uma campanha coordenada contra o piso sintético nos estádios brasileiros, argumentando que esse tipo de piso não é usado nas principais ligas da Europa e que prejudica o jogo de futebol. O Palmeiras, um dos clubes que utiliza a grama sintética, prontamente rebateu a campanha, dizendo que o argumento dos jogadores é raso e que o tipo de piso é certificado pela Fifa.
Essa discussão é, infelizmente, mais uma tomada pelo clubismo e chega a ser um ataque direto ao Palmeiras, que ganhou tudo nos últimos dez anos, e ao Botafogo, que venceu as principais competições no ano passado. Obviamente, obrigar o Palmeiras a retirar o gramado sintético do Allianz Parque é uma forma de prejudicar o clube, uma vez que a Arena palmeirense tem uma grande agenda de shows. O clube jogaria menos vezes em seu estádio e isso seria uma desvantagem gigantesca.
Mas levando a discussão para um campo mais neutro, posso dizer que sou totalmente a favor do gramado natural em todos os estádios do país, desde que haja um padrão de qualidade igual a Premier League, por exemplo. Tapetes naturais nos vinte estádios da série A e B e punições severas para quem não manter o padrão. Dentro desse contexto acho válida a reivindicação, pois de fato vai melhorar o espetáculo.
No entanto, levantar a bandeira somente pelo fim do sintético me parece um ataque coordenado e clubista. Aliás, se formos importar coisas boas das principais ligas do mundo, que tal trazer o Fair Play financeiro também? Não causa indignação nos jogadores que haja clubes de futebol da série A devendo dois bilhões? É saudável ao futebol brasileiro que haja clubes que atrasam salários e que não honram seus compromissos? Bom, já que a categoria de jogadores começou a se manifestar, seria bom aprofundar mais um pouco a discussão sobre o futebol brasileiro.
Uma vez que gramados sintéticos e esburacados sejam proibidos no Campeonato Brasileiro, acho que o Palmeiras e WTorre têm total condições de investir em tecnologia para viabilizar um menor impacto dos shows ou alinhar melhor a agenda. Agora, não espero que o Palmeiras aceite que apenas tirem o sintético. Em último caso, se a FIFA, entidade máxima do futebol, permite, como a CBF pode proibir? ´
Vamos aguardar os próximos capítulos dessa novela. Fique por dentro da Gazeta PalestrinaHome para mais informações!